Moda do sling renasce nos ombros das celebridades e ganha força entre mamães e papais comuns. Saiba quais os benefícios para o principal interessado nessa história: os bebês
Maria Fernanda Seixas
Especial para o Correio
| Fotos: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press |
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| Adeptos do sling, Aline e Felipe, pais de Dan, 1 ano, e Enzzo, 5 meses, enumeram as vantagens: menos cólicas e menos choro |
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A modinha, desta vez, tem até explicação. A prática do babywear (vestir-se de bebê), com faixas de pano chamadas de sling ou kepinas, proporciona inúmeras vantagens a bebês e pais, dizem adeptos e especialistas.
A bióloga Aline Ramos e o marido Felipe Marangon fazem uso do sling desde que o primeiro filho, Dan — hoje com um ano e meio — tinha apenas três meses de vida. "Uma amiga me contou sobre esses panos e eu na mesma hora já me apaixonei pela idéia. Lembro que a primeira vez que coloquei Dan dentro do sling ele se sentiu tão confortável que dormiu em segundos", conta. Além de usar o acessório para carregar o filho de um lado para outro, Aline conta que a técnica é um antídoto contra as cólicas do filho. "Tanto o Dan quanto Enzzo (segundo filho do casal, hoje com 5 meses) sempre melhoram ao descansarem no sling. Talvez a sensação lembre um pouco a experiência intra-uterina", sugere Aline.
Segundo o pediatra e guru dos pais americanos Bob Sears, responsável pelos livros de puericultura mais vendidos do mundo, o babywear significa mudar a percepção de como os bebês realmente são. "Os pais, muitas vezes, visualizam bebês deitados quietos no berço, passíveis, observando móbiles e carregados apenas para serem alimentados ou para uma brincadeira rápida. O babywear muda essa concepção", descreve o pediatra em seu blog.
As vantagens principais do sling são muitas e abrangem, como acredita Aline Ramos e confirma o pediatra americano, confortos para dores e momentos de choro. "O bebê acaba por chorar menos, pois sente-se acalentado e protegido por mais tempo", elogia Sears.
| Fato consumado Em 1986, tais benefícios puderam ser comprovados quando um time de pediatras da Universidade de Montreal, no Canadá, publicou um estudo com 99 pares de mãe e filho divididos em dois grupos. O primeiro foi encorajado a carregar o bebê por três horas a mais do que estavam acostumados. O outro não. Depois de seis semanas os bebês do primeiro grupo choravam e reclamavam 43% menos que os do segundo grupo. Ainda de acordo com Sears, antropólogos que viajaram o mundo pesquisando mães que carregam filhos em panos concluíram que os filhos ficam muito mais calmos. "Quando na cultura ocidental mensuramos o choro de um bebê durante um dia em horas, nas culturas que praticam o babywear, mensuramos em minutos. Achamos natural que o bebê chore tanto. Mas em outras culturas, isso não é nada normal", avaliou o pediatra. "Para a saúde emocional, intelectual a fisiológica funcionar otimamente, a presença contínua da mãe, como quando o sling é usado, é uma influêcia necessária", diz Sears. Outra vantagem apontada por pediatras canadenses é que os bebês que são carregados por mais tempo aprendem mais, pois transitam por diversos ambientes, ficam em estado de alerta e observam mais as feições da mãe ou do mundo ao redor, dependendo da posição. O Brasil na onda No Brasil, a moda do babywear chega tímida, mas já conquistou muitas mães. A curitibana Halini do Prado, mãe de Lara, 5 meses, só tomou conhecimento da prática quando teve seu segundo filho. "O prazer de ficar juntinho com o filho da gente e não sofrer com dores nos braços é indescritível. Aquele mito que colo deixa criança mal acostumada caiu por terra", avalia. Para a brasiliense Aline Ramos, o preconceito que algumas mães adeptas do babywear sofrem é normal, pois os slings ainda não são tão comuns no país. Perguntas do tipo "O bebê não vai cair?", ou "Não está esmagando a criança?", não a irritam. "Não tem como sair na rua e passar despercebida com o filho no sling", brinca Aline. "Todas as vezes que eu saio com a Lara no sling sou abordada no mínimo por três pessoas", diz Halini do Prado. Foi graças a tantos interessados que Halini decidiu fabricar seus próprios slings e vender para familiares e amigos. "As pessoas estão se interessando bastante e já vendo alguns para outras cidades. Mas é bom alertar as mães para ter cuidado na hora de comprar um. O sling de qualidade deve oferecer segurança", diz. Os mais usados e comercializados são os ring-slings, que têm argolas próprias que permitem regular a altura e possibilita diversas posições do bebê. Já o pouch-sling, muito usado nos Estados Unidos e Europa, é uma faixa inteira de pano costurada, e é feito por encomenda, de acordo com o tamanho do adulto que o utilizará. Outro tipo de babywear é a kepina, que não traz costuras. É um pano quadrado, dobrado na transversal em forma de leque. Suas pontas são amarradas no ombro e a terceira ponta sustenta o bebê ao ser encaixada entre a barriga da mãe e do filho. |
TEST-DRIVE A convite da Revista do Correio, a diplomata Viviane Balbino topou experimentar, pela primeira vez, dois tipos de sling e uma kepina, com seu filho Nuno Reifschneider, de 9 meses, e contar como foi a experiência. Segundo Viviane, todos os modelos são válidos, pois cansam menos do que carregar o bebê diretamente no braço. Mas o modelo pouch foi o preferido. 1. KEPINA "A Kepina é mais complicada de aprender a usar. Exige que o nó seja ajustado conforme a altura, e a ponta do pano deve se encaixar entre as pernas do bebê para segurá-lo. Achei um pouco confuso e o nó me parece incômodo." 2. POUCH SLING "Achei que este é o modelo mais bonito e prático. Foi o que o Nuno pareceu se adaptar melhor. Ele ficou bem encaixadinho e me senti segura. Simplesmente o sentei no pano e não precisei ajustar nada. Não teve mistério." 3. RING-SLING "Este modelo é bom por ser ajustável. Posso dividir o sling com o pai, por exemplo. O excesso de pano sobrando não me parecia tão legal, até que vi que na ponta vem um bolsão costurado que pode ser bem prático para carregar coisinhas durante os passeios." |




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